Haddad vai a protesto prometer diálogo com sem-teto na construção de 55 mil moradias

 

 

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, surpreendeu hoje (17) ao aparecer no primeiro grande protesto contra sua gestão. Promovido por movimentos de luta por moradia, o ato em frente à sede da administração municipal contou com a participação não programada do petista, que subiu no trio elétrico para garantir que haverá diálogo constante durante a construção das 55 mil unidades habitacionais previstas em seu plano de governo. 
“Mapeamos locais em que 99 mil moradias que podem ser construídas. Evidentemente, não em quatro anos. Mas, para construir 55 mil, precisa ter um horizonte maior, até porque alguma coisa pode falhar e você precisa repor de outro lugar”, disse, acrescentando que até o próximo mês já terá mapeado terrenos em área suficiente para 120 mil unidades. “Vamos abrir essa planilha para os movimentos de moradia acompanharem. Porque muitas vezes há desinformação. Gastamos muito tempo desapropriando terrenos e repassando para a Caixa, e os movimentos sequer ficam sabendo. Então, a transparência vai ajudar o diálogo. Uma mesa permanente de acompanhamento.”
Os movimentos de luta por moradia querem que 25 mil moradias sejam construídas pelo modelo de autogestão, em que as organizações da sociedade civil são responsáveis pelo projeto. A leitura é de que este sistema garante apartamentos maiores e mais baratos, o que pode ser viabilizado por meio do Minha Casa, Minha Vida Entidades, braço do programa federal de habitação criado em 2007. “Se for por parceria público-privada, a gente já sabe que não vai atender a essa população e nem vai ter a nossa participação”, disse Donizete Fernandes Oliveira, um dos coordenadores da União dos Movimentos de Moradia (UMM).

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Provocou insatisfação a notícia de que 20 mil apartamentos serão construídos no centro em parceria com o governo estadual por meio do programa Casa Paulista. O acordo prevê que município e estado participem com R$ 20 mil cada um por unidade, ante uma contrapartida de R$ 76 mil da administração federal. 
“Estamos discutindo uma política habitacional. É a política habitacional que vai resolver o problema de moradia. Não basta construir casa. É preciso que construa casa, mas tem a política habitacional, termina um governo, outro começa, e dá continuidade à política”, disse o coordenador do Movimento de Moradia do Centro, Luiz Gonzaga, o Gegê.
O prefeito declarou que os programas de governo devem atender a diferentes camadas da população. “A maioria é Habitação de Interesse Social. Agora, não posso trazer para a região central somente a população de uma faixa de renda, senão vou transformá-la em um lugar homogêneo”, disse, após discursar. “Pelo menos metade é para população de baixa renda”, destacou.

Mudanças
Desde que assumiu o cargo, em 1º de janeiro, o prefeito priorizou a aliança com a Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades para garantir o cumprimento das metas de moradia. O prefeito ficou insatisfeito com a estrutura herdada da Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab), que ao longo do mandato dele ficará responsável apenas por dar retaguarda, ajudar a localizar terrenos e fiscalizar o andamento do Minha Casa, Minha Vida na cidade. 
O secretário de Habitação, José Floriano, informou hoje que até junho estarão desapropriados terrenos em quantidade suficiente para a construção de 8 mil moradias, em um valor total de R$ 80 milhões. Ele acrescentou que 14 mil novas unidades estão em processo de construção, e que em breve começam as obras de outras 3 mil. 
O prefeito esclareceu aos integrantes de movimentos que é preciso atender também à população que não está organizada. “Uma família que está em uma situação de risco, mesmo que ela não pertença ao movimento organizado, eu não posso voltar as costas. Então vamos abrir a situação da prefeitura, para que eles com solidariedade entendam que há pessoas que têm direitos também e que precisam ser resguardados.”
Sobre a utilização de edifícios desocupados para a criação de moradias populares, Haddad lembrou que nem todos os prédios são viáveis para esse tipo de projeto. “Eu sou a favor de tributar os prédios vazios com o IPTU progressivo no centro. Às vezes há a impressão de que qualquer imóvel vazio pode ser reformado para receber habitação popular. Não é possível transformar todos em moradia, porque alguns são inviáveis economicamente. É mais fácil construir desapropriando estacionamentos ou sobrados degradados do que reconstruir estes prédios”, disse.

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