Com o tema “Lutas e Resistências na Região Sul” o “4º de Favelas e Ocupações da Zona Sul e Extremo Sul” reuniu 110 lideranças de comunidades, associações, assessorias, universidades e laboratórios de pesquisa no último 08 de junho na Cúria Metropolitana de Santo Amaro, em São Paulo.
Animados por nossa querida dona Olga Quiroga, da região Sudeste, com muita mística e exposições do professor da Unifesp, Kazuo Nakano; da professora da Universidade de Michigan, Maria Arqueiro; do advogado do Centro Gaspar Garcia, Vitor Inglez e da defensora pública, Taissa Nunes foram debatidos os impactos dos mega projetos urbanos para a região, o avanço da especulação imobiliária e a ausência de políticas públicas e projetos que priorizem as Comunidades, as Áreas de Zeis e os territórios periféricos.
A medida que o conjunto de obras que vai desde o território da Vila Andrade até Interlagos se intensifica, maior o impacto nas comunidades que ladeiam as margens dos rios Pinheiros, Guarapiranga e toda a extensão do Jurubatuba até a represa Billings, especialmente as regiões de aumentam do Socorro, Interlagos, Grajaú, Parelheiros e Jardim Cocaia-Gaivotas. Por isso, Com o objetivo de fortalecer a resistência de Favelas e Ocupações para enfrentar os enormes desafios que a região enfrenta desde a aprovação do Plano de Intervenção Urbana (PIU) Arco Jurubatuba.
As professoras e estudantes da Universidade de Michigan, estudaram toda a região, as conexões do PIU Jurubatuba, e pela sobreposição das vias sobre os territórios é possível verificar como as favelas e ocupações na região, serão impactadas direta e indiretamente pelas obras, e pela especulação imobiliária que avança sobre a região, até mesmo sobre as Favelas e territórios das Zonas Especiais de Interesse Social, as Zeis.
Ao final, foi aprovada uma carta aberta que demonstra a força da organização, da formação e da mobilização popular na capacidade de resistência e de luta do povo e seus territórios.
Leia a integra da Carta aberta do “4º de Favelas e Ocupações da Zona Sul e Extremo Sul”:
“Somos gente nova vivendo a união,
Somos povo semente de uma nova nação,
Somos gente nova vivendo o amor,
Somos comunidade, povo do senhor
Vou convidar os meus irmãos trabalhadores
Operários, lavradores, biscateiros e outros mais.
E juntos vamos celebrar a confiança
Nossa luta na esperança de ter terra, pão e paz.”
Baião das Comunidades
Zé Vicente
O IV Encontro de Favelas e Ocupações da Zona Sul e Extremo Sul de São Paulo, com o tema: Lutas e Resistências na Sul, contou com a participação de diversas Favelas, Ocupações e Movimentos, como: Morro do Ketchup, Ocupação Anchieta, Toca do Sapo, Vila Nova Circular, Ocupação Liberdade, Nova Jersey, Terra de Deus, Pantanal, Ocupação Gaivotas, Articulação Vila Andrade, Olarias, Campo Novo do Sul, Ocupação Jorge Hereda, Garmic, ULCM, MOHAS, CECASUL, Afetos, MMC, MDF, Associação de Moradia Jardim Casa Branca II, Associação dos Movimentos de Moradia da Região Sudeste e ILS, todas filiadas à União dos Movimentos de Moradia de São Paulo e à Central de Movimentos Populares.
Participaram também as Assessorias: da Universidade Michigan, Peabiru, LabJuta UFABC, Conservatório Brooklin, Fórum de Trabalho Social em Habitação, NEMOS PUC, Escritório Modelo da PUC, LabHab USP e FFLCH USP, Pastoral da Moradia e Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, que debateram e aprovaram propostas de luta, sobre os impactos do PIU Jurubatuba, passando pela Vila Andrade, Socorro e Interlagos, atingindo as Favelas e Comunidades do Entorno da Billings e Guarapiranga, com suas conexões em diversas obras viárias, abrindo uma enorme fronteira para especulação imobiliária, gerando um forte aumento no preço da terra e no valor alugueis.
Esse avanço imobiliário, também gera ameaças, despeja diversas favelas, até mesmo as que estão em Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS, e empurra as Comunidades para o extremo da periferia e os mananciais. Articulados ao PIU Jurubatuba, também está em curso a extensão da Marginal Pinheiros, terminais hidroviários e o Parque Linear do Cocaia, que colocam em risco de despejo milhares de pessoas.
Diante desta grave situação, as Comunidades e Entidades presentes neste IV Encontro repudiam a omissão e a ausência de políticas públicas por parte da Prefeitura de São Paulo, a violência, as ameaças de despejos e a ganância do setor imobiliário, e apresentamos as seguintes propostas para seguirmos lutando pelo direito à moradia e à cidade:
1. Ampliar o processo de formação e mobilização nos territórios para fortalecer e incentivar a luta pelo Direito à Moradia e à Cidade
2. Lutar pelo atendimento habitacional participativo e definitivo no local de origem ou próximo do local
3. Organizar caravanas das Comunidades para formação política e mobilização
4. Promover a vida Comunitária, com espaços de festas cultura e reunião
5. Identificar a rede sócio protetiva (saúde, educação, lazer, assistência social, transporte, tarifa social de água e energia) para fortalecer os processos de participação nos conselhos gestores.
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