Ao longo da história, nós, mulheres trabalhadoras, sempre estivemos na linha de frente das lutas populares pelo direito à moradia e por melhores condições de vida. Carregamos o fardo de toda a exploração capitalista, patriarcal e racista que nos oprime, na condição de mulheres responsáveis pelas famílias, negras, jovens, idosas.
Vivemos em um sistema político e econômico que utiliza da exploração da nossa força de trabalho e dos nossos corpos para se sustentar. Somos fundamentais para a reprodução social, através do trabalho doméstico e de cuidados, bem como para aquele considerado produtivo. Ainda assim, somos 70% da população mais pobre do mundo.
O aprofundamento da crise econômica no Brasil e no mundo, somado à política da fome, do desemprego e da morte conduzida pelo governo Bolsonaro, tem tornado a vida do povo ainda mais difícil, atingindo, principalmente, as mulheres da classe trabalhadora. A taxa de desemprego entre as mulheres bateu recorde em 2021, chegando a 16,8%, sendo que, para as mulheres negras, essa taxa foi de 19,8%, segundo o Dieese. O número de mulheres desempregadas no nosso país já chega a 8,6 milhões. Quase 51 milhões de pessoas viveram abaixo da linha da pobreza nos últimos dois anos e mais de 10 milhões passam fome.
A carestia se alastrou pelas casas das famílias brasileiras. O preço dos alimentos, do gás, da água e da energia não param de subir e passamos a ver cada vez mais pessoas buscando comida no lixo e disputando ossos e carcaças nos açougues para alimentar suas famílias.
De forma criminosa, Bolsonaro difundiu mentiras para atacar a vacinação infantil e negligenciou as políticas de atendimento às populações indígenas no enfrentamento e combate à COVID-19. Mais de 630 mil brasileiras e brasileiros perderam suas vidas. O Brasil é o país com o maior número de mortes maternas causadas pela COVID-19. Fomos nós as mais afetadas pelo desemprego, sobrecarregadas por cuidar das crianças, das/os idosas/os e de quem adoecia. Fomos as primeiras a morrer. E quando morre uma mulher negra, que não teve o direito de se isolar para não perder o emprego, morremos todas nós!
A violência contra as mulheres e meninas se amplia a cada dia, pois o discurso de ódio de Bolsonaro se espalha e nos faz alvo preferencial dos machistas e racistas. Uma mulher é assassinada a cada duas horas em nosso país, sendo 66% delas negras. Também somos o país que mais mata mulheres trans, e travestis no mundo e seis mulheres lésbicas são estupradas por dia. A violência contra as mulheres com deficiência cresceu 67,9% durante a pandemia. e ainda, a violência obstétrica, ou seja, todos os tipos de violências que ocorrem no pré-natal, parto, pós-parto e aborto – atinge uma em cada quatro mulheres no nosso país; dessas, 65,9% são negras. Frente a tantas violências, bradamos: não somos números, somos vidas!
Num país com raízes tão profundamente racistas, o bolsonarismo encontrou terreno fértil para amplificar as políticas e o discurso de ódio, como parte de um genocídio da população negra em curso, onde 75% dos homicídios são contra pretos e pardos.
Fazemos parte a União dos Movimentos de Moradia (UMM-SP) e da União Nacional por Moradia Popular (UNMP), onde, em 80% da construção de novos lares somos nós que arregaçamos as mangas, participamos e construímos. Lutamos incansavelmente em defesa da moradia digna e de outros direitos. E lutamos, também, junto à maioria que tem sofrido com a fome, com a perda de seus entes queridos, com a violência e com o desemprego. Reafirmamos o feminismo como caminho para a autoorganização das mulheres, em aliança com os movimentos sociais, na resistência e construção de uma sociedade justa e igualitária. Somos milhares em defesa das nossas vidas.
Em 2021, protocolamos o PL da Autogestão pois estamos certas de que, com a produção de moradia por autogestão, garantiremos dignidade para as mulheres brasileiras. É um fato: chave da moradia é a porta de entrada para todos os outros direitos. E agora, em 2022, gritamos: BOLSONARO NUNCA MAIS! Chega de opressão, exploração e escravidão!
Contra o racismo que explora e o genocídio que mata todos dias as mulheres e suas/seus filhas/os!
Abaixo a fome, a pobreza e a carestia: por vida digna para todas/os!
Por soberania e segurança alimentar e nutricional e pela agroecologia no campo e nas cidades! Chega de Violência no Campo e na Cidade! Em defesa da Amazônia, do Cerrado e da Caatinga!
Em defesa despejo Zero !
Contra a PL do Veneno!
Em defesa das políticas públicas para as mulheres dos campos, das águas, das florestas e das cidades: contra todo retrocesso e perda de direitos!
Por emprego, salário e Moradia e direitos iguais para trabalho igual para todas!
Aprova o PL da Autogestão!
BOLSONARO NUNCA MAIS!
Cassação do Arthur do Val Já!
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